Não último não

.

This post is brief, belated, and mostly meant for Bonfácios.

In brief, back in January I had thought that the blog was done. My parent’s successful trip to Brazil seemed to bring the story to an end. But since then I have heard from so many of you cousins, aunts, and uncles, and I heard from the folks and seen from the emails and comments here that you enjoy reading these posts, so I am going to continue, or create a new blog altogether on whatever theme the next chapter seems right to be.

Without the help of my professional translator, I will try to say that again here in Portuguese–espero que vocês entenderão!

.

.

Querida família! Vocês estão bem longe do meu apartamento mas bem perto do meu coração. Fique tanto feliz em ouvir as detalhes da viagem do meus pais e as aventuras boas do que eles compartilharam com vocês. Tenho muitos reacções e pensamentos e sentimentos, mas sobre tudo estou de saudades se tudo mundo. Foi um ano atraz que foi lá neste dia e nunca esquecerei tão preciosa foi a experiência. Desejo muito de voltar.

E também meus pais e seus emails neste inverno me indica que devo continuar no blog. Achei que foi completo, mas agora acho que vale a pena muito continuar. Então, vou continuar ou vou criar um blog novo, para fazer o capitulo segundo dessa aventura. Espero que tudo mundo fica confortável com pensar neste blog como uma lugar virtual da nossa família, onde poderíamos ligar, comentar, e conectar uns aos outros.

Te amo muito. Deus te abençoe muito muito.

.

Beijos,

Andrea

Até Próxima (Português)

.
Traduzido por Rosalia Cunha. Para inglês (escrito 9 Nov 2010), clique aqui.
.

Este ano não vou poder comemorar as festas de fim de ano com minha família. Isso vai ter que esperar até 2011. Enquanto isso estou dedicando este capítulo aos meus pais. Feliz Natal antecipado, pessoal!

 .
Meus pais finalmente farão sua viagem bastante atrasada ao Brasil. Eles partirão em cerca de uma semana. Desta vez acho que eles vão conseguir. Os problemas com o consulado do ano passado estão acabados, o itinerário está definido e os bilhetes estão na mão. Tudo o que resta é embrulhar  os presentes, os remédios, os chinelos , e entrar com suas coisas a bordo do avião.Em meio a tempestades de inverno precoce e ventos de um frio cortante, aconchegados em casa debaixo de 35 centímetros de neve, mamãe tenta imaginar o que levar para a segunda cidade mais quente no Brasil no segundo mês mais quente do ano, em êxtase devido à insistência de sua cunhada de que as últimas semanas têm sido excepcionalmente sufocantes, mesmo para os padrões de Natal.

Em poucos dias, ela vai se sentar diante de sua mala, ainda não completamente pronta para enchê-la, pouco tempo depois, ela vai se sentar diante da mala de novo, desta vez mais do que pronta para esvaziá-la. Dez anos de preparação, mas a viagem em si é simples: cai no sono em Atlanta e acorda bocejando no Rio. Então sonolentamente se escorrega para o Norte, em direção aos braços abertos da família. Ainda assim não foi fácil.

Ainda que o resultado final seja gratificante e traga grande alegria, assim como no parto, existe dor no processo. O desejo impulsiona mamãe à frente, mas os preparativos de viajem a empurram para trás. Há uma sombra mesclada a uma vívida antecipação e aos planos de última hora. Não vai ser como era no passado. Minha Avó, a mulher que minha mãe tinha como melhor amiga, conselheira e confidente, faleceu há vários anos – este foi o motivo da última viagem da minha mãe ao Brasil: dizer adeus. Agora quando voltar ela vai enfrentar essa ausência.

Sou abençoada por não ter tido que enfrentar essa perda, posso apenas imaginar como é.  Enquanto isso os irmãos de mamãe viram a cidade e a família crescer e mudar em torno dessa lacuna, dobrando e atenuando as arestas com o passar tempo. Mas minha mãe vai colidir com essas arestas e não importa o que digam, no princípio elas serão afiadas.

Mom, Dad, Avó (Grandmother), Avô (Grandfather)

Mas no final essas arestas serão atenuadas e tudo ficará bem. Com o regresso da minha mãe, os filhos e filhas de minha avó terão um pouco de sua mãe de volta. O restante virá através de suas conversas, suas lembranças, suas lágrimas e sorrisos: Saudades. Mamãe vai viajar milhares de quilómetros durante a noite pousará em Natal cansada, esgotada pela viagem, chorosa e feliz. Vovó vai aparecer numa rajada de conversa animada, com os olhos brilhantes, os cabelos castanho-chocolate, cheia de sabedoria e graça. Ao ver minha mãe, seus irmãos se lembrarão de vovó e exclamarão: “Como você se parece com ela!” E será como se nenhuma delas nunca tivesse partido.

Haverá também muitos outros para preencher a lacuna: sobrinhas, sobrinhos, sobrinhos-netos, primos, primos de segundo grau, primos de terceiro grau, primos distantes, bebês e mais bebês. Antigos vizinhos, professores, amigos e amigos de amigos. Mamãe terá os braços cheios repetidas vezes, por todo o tempo em que estiver lá. Todo mundo vai falar ao mesmo tempo, interromper, falar sem pensar e fazer provocações. Seu clamor alegre durará por toda a noite. Os vizinhos podem inicialmente reclamar, mas depois vão acabar se juntando a eles.  Papai vai balançar a cabeça e sorrir enquanto mamãe vai muitas vezes chorar de alegria.

A experiência parece profundamente sufocante, encharcada de emoções, saturada, extraordinário. Espero que eles tirem muitas fotos. Espero que mamãe tenha sucesso onde eu falhei e tire fotos da família inteira, todos amontoados, seus rostos aparecendo por entre os cotovelos e os braços que envolvem os ombros uns dos outros. Espero que eles aproveitem cada chance de desfrutar algo de bom. Espero que comam muito e durmam bem tarde. Espero que eles passem muito tempo ao sol, chutando a areia de mãos dadas. Espero que consigam entrar na base militar como papai sonha fazer, chegando ao lugar exato onde ele viveu e trabalhou.

Espero que mamãe lembre Português suficiente para provocar meu pai sem ele saber. Espero que ele tenha paciência com ela por isso, ou pelo menos que responda à altura. Espero que eles às vezes fiquem sem palavras ao revisitar o passado e os lugares cheios de lembranças, que sejam tocados a ponto de ter que ficar em silêncio.

Mãe e Pai

Mamãe e Papai Espero que mamãe me ligue muitas vezes enquanto estiver lá e que me descreva com riqueza de detalhes tudo o que estiver acontecendo. Espero que ela encontre muitos familiares sorridentes, velhos amigos e parentes dos parentes e amigos dos amigos até que perca a conta de todos os nomes. Espero que ela tente me dizer seus nomes e insista que eu os tenha conhecido e que eu deveria lembrar quem são eles, e que fique meio irritada quando eu insistir que não lembro. Espero que viajem com segurança e voltem com malas cheias de muitas lembranças . Espero nunca mais ouvir o final desta história.

A comemoração de Natal de nossa família  será um pouco tarde, a fim de dar a meus pais tempo para retornar ao frio americano, na costa Noroeste do Pacífico. Eles estarão de volta a Spokane no Dia de Ano Novo e eu estarei lá não muito depois disso. Vamos todos juntos, empilhados na sala em meados de janeiro em volta de uma árvore de Natal descaradamente tardia, compartilhando as experiências sem nunca parar de falar. Papai dará gargalhadas e mamãe vai chorar um rio de lágrimas. Então vou lhe passar a caixa de lenços de papel, se é que vai sobrar algum depois de eu terminar de usá-la.

.

Adendo…

Eu comecei este blog e minha própria viagem a Natal com uma foto em mente, esta que mostro abaixo. Possuo essa foto desde fevereiro último, infelizmente não pude postá-la no momento em que a tirei como havia planejado. Mas agora me parece a hora certa.

Tia Dinha and Me

Os quadros saíram bonitos e tia Dinha parecia tão contente que eu hesitei em avisá-la que os quadros colocados perto da luz do sol de sua varanda vão desbotar mais rápido, e já até desbotaram um pouco. Mas assim é Natal, quem pode escapar do sol? Eles deviam baixar uma lei do bronzeado: Bronzeie-se ou desapareça!

Estou muito feliz por ter estado lá pessoalmente para ver o grande sorriso de tia Dinha e abraçar seus ombros rechonchudos. Mamãe e papai serão os próximos, e eu não posso esperar para ouvir a respeito. Espero que logo em seguida venha outra foto como esta. E já era tempo! Espero que logo, uma foto mostrará a nós quatro, ou umas quarenta pessoas, caso meus primos apareçam para uma visita. Mamãe me lembra de que a Copa do Mundo de 2014 está bem próxima. É hora de começar a procurar por vôos baratos…

.

Beijos,

Andrea

.

.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.

Don’t Stop (Não Pare)

Many of my writings here in Sondo Saudade have been about being a stranger in a strange land—about being a Brazilian in the U.S., or becoming less American and more Brazilian, or just trying to make oneself understood no matter what the geography or nationality. During this time I have also been gathering photos, writings, and other materials and using them to create digital collage portraits that illustrate the blurred lines, hazy glows, and overlap of thoughts and memories that come with true transformation:  Reassemblage of self, redefinition of identity, and relinquishment of control.

Three of these images were  recently accepted for inclusion in a public art program in Perm, Russia. They will be included as one of many installations of art in bus stops and stations throughout the city.

Here are the images as well as some related sketches.

.

…… ….. ….. ….. …..

.

"Portraits: Rita" by Andrea Bonifacio

.

….. ….. ….. ….. …..

.

"Where You At?" by Andrea Bonifacio

.

….. ….. ….. ….. …..

.

"Portraits: Carol" by Andrea Bonifacio

.

….. ….. ….. ….. …..

.

"Handout" by Andrea Bonifacio

.

….. ….. ….. ….. …..

.

Portraits: Sandra

.

….. ….. ….. ….. …..

.

"Untitled" by Andrea Bonifacio

.

Muitos dos meus escritos aqui no Sondo Saudade foram sobre ser um estranhonuma terra estranha, especificamente, um brasileiro em os EUA, ou tornar-se menosamericano e mais brasileiro, ou apenas a tentar fazer-se entender que não importa a geografia ou a nacionalidade. Durante esse tempo eu também estive reunindofotografias, textos e outros materiais e utilizá-las para criar retratos colagem digitalque ilustram as linhas borradas, brilhos nebuloso, ea sobreposição de pensamentos e lembranças que vêm com a verdadeira transformação: remontagem de redefinição,  auto de identidade, e devolução do controle.

Três dessas imagens foram recentemente aceitos para inclusão em um programa de arte pública em Perm, na Rússia. Eles serão incluídos como uma das muitas instalações de arte em paradas de ônibus e estações de toda a cidade.

Aqui estão as imagens, assim como alguns desenhos relacionados.

.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.

Perfeição ou imaginação?

.
Traduzido por Rosalia Cunha. Para inglês (escrito 9 Nov 2010) clique aqui.
.

Um pequeno jarro de vidro soprado chegou na semana passada vindo da Costa Oeste. Trata-se de um presente do meu pai, enviado por minha mãe. Tem as cores da bandeira brasileira, claro. Eu admito que tinha maiores expectativas em relação a ele quando o soprador de vidro o estava criando: cobrindo uma bola laranja e branca de viro líquido com pedaços coloridos, soprando o fundo pra fora através de um tubo de metal com uma respiração rápida, girando uma peça arredondada em torno da base em forma de bulbo, esculpindo uma asa curva com um floreado habilidoso. Assisti ansiosamente o processo, antecipando algo igualmente quente, vibrante e divertido: um pequeno jarro de Carnaval.

.
O jarro não se parece com essa imagem. Ele se parece com um jarro de vidro verde pálido com algumas manchas amarelas e brancas e uma faixa azul cobalto como alça. Não tem os matizes deliciosamente misturados ou os padrões graciosos das outras peças estocadas nas prateleiras do estúdio, e quase se parece com o trabalho de um aprendiz. Mas isso não é culpa do artista, e eu não posso reclamar: fui eu que escolhi a forma e as cores e expliquei ao artista como eu queria que ele fizesse. Eu tinha uma imagem em mente, algo imaginado mas que ainda não havia sido testado. Eu planejei o Antes e visualizei o Depois, não discernindo o processo: Aquecer, dobrar, rolar os cacos de vidro, colocar no forno, torcer com utensílios de ferro.

.
Eu tinha outro sonho em meu coração: I want to speak Portuguese! Eu pedi e me foi dado, mas não estava ciente do quanto aquilo poderia mudar a mim ou o meu mundo. Eu não entendia seu valor ou o que poderia ser o resultado final.

Carnaval de Vidro

Minha última amiga próxima da igreja americana se mudou de Nova Iorque no outono passado.  Foi triste quando ela se foi, mas ainda que sabendo que era ela quem deixava a cidade, parecia que era eu quem estava no barco que navegava distanciando-se da costa.

.
Sua mudança me fez repentinamente ver o quanto havia mudadoe para entender isso, sem saber, eu já estava me preparando para embarcar naquele navio há algum tempotenho aprendido novas formas de navegar e de me comunicar, a estocar provisões, mapas, ferramentas. Encontrei o capitão e a tripulação. Achei meu o meu posto e meu beliche. Estava pronta para partir, mas até aquele momento eu simplesmente ainda não havia sentido as tábuas do assoalho sob meus pés.

.
Algumas pessoas se mudam para um país estrangeiro para mergulhar na sua língua e cultura: eu consegui quase o mesmo bem aqui, em casa. Quase todo o meu tempo livre é passado com brasileiros ou outras pessoas com raízes sul-americanas. Eu assisto A Grande Família e a poderosos pregadores no Youtube. Ouço a música de André Valadão e Gilberto Gil, configurei meu teclado com o til e o cedilha, bato papo semanalmente com Tia Linda via Skype e mantenho contacto com meus primos no Orkut. Nem mesmo Deus tem uma folgametade do tempo eu oro em uma língua, a outra metade na outra. Preciso de um passaporte só para entrar no meu próprio apartamento.

.
Estou no Brasil tanto quanto eu posso sem deixar Queens; e isso está começando a me parecer normal. Eu nem sequer penso nisso: com estranhos ou amigos, entro e saio de conversas em Português com bastante confiança. Ainda estou aprendendo algumas sutilezaso modo subjectivo, os tempos imperfeitosmas em geral estou me saindo muito bem. Não é tão difícil quanto costumava ser.

"Glass Rose" by Andrea Bonifacio

A grande atração pelo Brasil não acabou, mas pelo que eu entendo de romance, este sentimento de normalidade quer dizer que algo mudou. O amor adolescente amadureceu, a montanha russa estabeleceu um curso constante, uma contínua corrente de confiança restringida por uma falta de jeito ocasional.

.
Quando comecei a aprender Português, eu estava faminta por isso. Eu entrava no trem N com o volume dos fones de ouvido bem baixo, um dos ouvidos atento ao o som do Português. Quando o escutava, meu coração saltava, eu desligava a música e escutava, aprendia ouvindo às escondidas. Às vezes eu tentava falar com os estranhos. Esperava uma pausa na conversa e gentilmente começava com um papo sobre geografia. Perguntava se eram brasileiros, de que cidade eles vêm, há quanto tempo estão aqui. Mesmo que eu falasse tudo errado, eles sorriam, corrigiam e me incentivavam dizendo: “Você fala muito bem!” Apesar de todos os erros, cada experiência era uma vitória e uma confirmação de progresso.

.
No entanto, agora o caminho é menos uma trilha na Adirondacks e mais um passeio pela Strip de Las Vegas. É como se eu não pudesse evitar, não posso embarcar num trem sem ouvir a lingua portuguesa em algum lugar próximo. Então me pego pensando: “brasileiros, é claro”, e muitas vezes não me preocupo em conversar com eles.

.
Devo me lembrar de que não muito tempo atrás nada disso existia. Por anos, eu realmente sofri por esse dom, por essa lingua, essa família, por todo esse mundo. Eu sabia que aquilo estava faltando na minha vida e eu queria tê-lo, mas me senti impotente em preencher a lacuna mas ela agora está transbordando e de alguma forma continua a encher. Ainda assim, você pode ficar tão habituado a um presente que se esquece de que ele lhe foi dado. Se você tomar alguma coisa por certa, ela lhe pode ser tirada. Que eu nunca me esqueça de que este é um dom e que possa sempre estar ávida por fazer o que isso exigir de mim em seguida.

.
Eu seria tola de pensar que fiz isso sozinhaeu tive ajuda e eu sei disso. E enquanto eu fizer a minha parte, meu Ajudante não me deixará esquecer. Afinal, há mesmo tantos brasileiros por aí que eu simplesmente nunca percebi antes? É muito estranho, dado o curso que minha vida tomou em apenas dois anos, pensar que a orientação divina os está atraindo para o meu caminho?

.
O que uma vez fora um passeio solitário, agora é uma maratona, e o transeunte que ocasionalmente ajuda tornou-se uma multidão de voluntários que dá apoio na estação de água. Eu continuo ouvindo, eles continuam falando. Minha sede cresce, eles trazem água. Continuo correndo e eles continuam torcendo… E sem uma linha de chegada à vista.

"Glass Rose" (detail) by Andrea Bonifacio

Agora eu quero ser aquela que distribui os copos de água. Eu estou mantendo meus olhos abertos para algo novo: Quando me aproximo para falar com os brasileiros, vejo que muitos deles querem compartilhar algo de si mesmos. Alguns parecem solitários, com fome de interação; seu apetite é transmitido através da língua, com sua abertura gramatical e a disponibilidade emocional de sua cultura. Peço-lhes para me ajudar a falar a sua língua, e ao mostrar que preciso de sua orientação, dou-lhes uma oportunidade de ajudar alguém com mais fome do que eles.

.
Vivo em Nova Iorque há muitos anos, mas lingüisticamente falando, sou uma estranha, e eles são os moradores astutos da cidade, confortavelmente, citando os seus mapas mentais. Eles buscam suas histórias e falam á sua maneira , e eu uso minha necessidade de aprender para ajudá-los a crescer.  No final, todos nos sentimos em casa novamente.

.

Beijos,

Andrea

.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.

Até Próxima (Until Next Time)

I won’t be able to celebrate the holidays with my family this year—that will have to wait until 2011. In the meantime, I’m dedicating this next chapter to my parents. Merry early Christmas, folks!

… … …

My parents are finally taking their long-delayed trip to Brazil. They’re leaving in about a week. This time, I think they’ll make it: Last year’s consulate conundrums are over and done, tickets and itinerary are declared and in-hand, and all that’s left is to pack the presents, the prescriptions, and the flip-flops, and get themselves and their stuff on that outbound plane.

Amidst early winter storms and bracing cold winds, in a house huddled under fourteen inches of snow, Mom is trying to imagine what to bring along to the second-warmest city in Brazil on the second-hottest month of the year, swooning at her sister-in-law’s insistence that the past few weeks have been exceptionally sweltering, even by Natal standards.

In a few days, she’ll sit before her suitcase, still not quite ready to fill it; a short time after that, she’ll sit before it again, more than ready to empty it. Ten years in the making, the trip itself is straightforward: Nod off in Atlanta, yawn awake in Rio, then a sleepy slip up north into the open arms of a família. Still, it’s not been easy.

Though the end result will bring gratitude and great joy, like childbirth, there’s pain in the process. Desire is pulling Mom forward and travel-prep tasks push her from behind, but there’s a shadow mixed in with sunny anticipation and last-minute planning. It will not be like it was in the past. My avó, the woman Mom thought of as best friend, counselor, and confidant, passed away several years ago—that was the occasion of my mother’s last trip to Brazil, to say goodbye. When she returns there now, she will to face that absence.

I am blessed to not have to have faced that loss and I can only imagine how it feels. In the meantime, her siblings have seen the city and the family grow and change around that gap, folding and dulling its edges with time. But Mom will bump up against those edges, and no matter what anyone says, at first they will be sharp.

Mom, Dad, Avó (Grandmother), Avô (Grandfather)

But ultimately, those edges will soften—eventually, it will be alright. With my mom’s return, Vóvó’s sons and daughters will have a piece of their mother back again; the rest of her will arrive through their conversations, their remembrances, their laughter and tears: Saudades. Mãe will fly overnight for a few thousand miles and land in Natal exhausted, travel-worn, tearful, and happy. Vóvó will arrive in a gust of cheerful chatter, with shining eyes, rich chocolate-brown hair, wisdom, and grace. Her children will remember her, seeing Mom, and exclaim, “You look just like her!” And it will be as if neither of them had ever left.

There will be plenty to of others to fill that gap, too:  Nieces, nephews, grand-nieces, grand-nephews; cousins, second cousins, third cousins, cousins-removed; babies and more babies; old neighbors, teachers, friends and friends of friends. Mom will have her arms full, again and again, every day that she is there. Everyone will be talking at once, blurting and interrupting and teasing, their convivial clamor lasting long into the night. The neighbors may complain, but then they’ll come over and join in. Dad will nod and smile as Mom weeps for joy repeatedly.

It sounds positively smothering—sodden with emotions—saturated—exquisite. I hope they take lots of pictures. I hope Mom succeeds where I failed and gets photos of entire families all crowded together, faces peeking around elbows and arms around each other’s shoulders. I hope they take every chance to enjoy everything good. I hope they eat too much and sleep in too late. I hope they spend too much time in the sun, kicking the sand and holding hands. I hope they get to enter the army base as Dad’s been dreaming to do, reaching the very spot where he lived and worked.

I hope Mom remembers enough Portuguese to tease my Dad without him knowing it. I hope he’s patient with her for it—or at least gives as good as he gets. I hope they are, from time to time, left without words—revisiting the past and places full of memories, moved to the point of silence.

Mãe e Pai

I hope Mom calls me often while she’s there and goes on and on and on describing far too many details of everything that’s happening. I hope she meets so many smiling relatives and old friends and relatives of relatives and friends of friends that she loses track of all their names. I hope she tries to tell me their names and insists that I met them too and that I should remember who they are and gets slightly miffed when I insist I don’t. I hope they travel safely and come back with suitcases packed with too many souvenirs. I hope I never hear the end of it.

Our family’s own Natal celebration will be um pouco tarde, to give them time to return to the chilly Pacific Northwest. They’ll touch base back in Spokane on New Year’s Day and I’ll be there not long after that. We’ll all pile together in the living room mid-January around a shamelessly belated Christmas tree and share and share and never shut up. Dad will laugh loudly and Mom will cry a river. I’ll pass her the box of Kleenex if there’s any left after I’m through with it.

.

Addendum…

I started this blog and my own trip to Natal with a photo in mind, the one shown below. I’ve had this photo since last February—unfortunately, I wasn’t able to post it at the moment that I captured it, as I’d planned. But now seems like the right time.

Tia Dinha and Me

(The art looks nice and Dinha is so pleased; I hesitate to warn her that art placed too near the bright sunlight of her balcony will fade more quickly—it already has, slightly. But this is Natal, and who can escape the sun? They should post the Tan Law at all borders: Be browned or fade away!)

I’m so glad I was able to be there in person, to see Dinha’s big smile and embrace her round shoulders. Mom and Dad are next, and I can’t wait to hear about it. I expect another photo like this will come soon after—it’s about time, too. I hope that soon after that, the photo will feature all four of us—or forty, if my cousins drop in for a visit.

World Cup 2014 is just around the corner, Mom reminds me. Time to start looking for cheap flights.

.

Beijos,
Andrea

.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.

Pitcher Perfect

A little glass-blown pitcher arrived last week from the West Coast, a gift from my father, mailed by my mother. It’s in the colors of the Brazilian flag, of course. I admit I had higher hopes for it when the glass blower was creating it: Covering a ball of white-orange liquid glass with colored scraps, puffing the bottom out with a quick breath through a metal pipe, spinning the buffer around its bulbous base, sculpting a curved handle with a deft flourish. I watched the process eagerly and anticipated something equally hot, vibrant, and fun: A little jar of Carnival.

It doesn’t look like that. It looks like a pale green glass pitcher with a few blobs of yellow and white and a cobalt streak for a handle. It does not have the delicious, blended hues and graceful patterns of the other pieces that stocked the studio shelves; it almost looks like student’s work. But that’s not the artist’s fault, and I can’t complain: I am the one who picked the shape and the colors and instructed the artist on how I wanted it made. I had a picture in my mind, imagined yet untested; I planned the Before and envisioned the After, not discerning the In Between: Heating and bending, rolling in glass shards, thrust into the oven, twisting with iron tools.

I had another dream in my heart: Eu quero falar Português. I asked for it and it was given to me. I wasn’t aware of how much it could change me or my world. I did not recognize its value and what the end result could possibly be.

The last of my close American church buddies moved out of New York City this past fall. It was sad for me when she left, yet while I knew she was the one leaving town, it seemed as if I was the one who was standing in the boat as it sailed away from shore.

Her move forced me to suddenly recognize how much had changed—and to realize that, without knowing it, I’d been preparing to board that ship for some time. I’ve been learning new forms of navigation and communication—stocking up on provisions, maps, tools—met the captain and crew—found my post and my bunk. I was ready to go, I just didn’t feel the floorboards under my feet until that moment.

Some people move to a foreign country to immerse themselves in its language and culture: I’ve managed nearly the same right here at home. Almost all of my social time is spent with Brazilians or other folks with South American roots. I watch A Grande Família and pregadores poderosos on YouTube; listen to music by André Valdão and Gilberto Gil; configured my keyboard with the tilde and the cedilla; chat weekly with Tia Linda via Skype and keep up with cousins on Orkut. Not even God gets a break—half the time I pray in one language, half the other. I need a passport just to enter my own apartment.

I’m in Brazil as much as I can be without leaving Queens—and it’s are starting to feel normal. I don’t even think about it: With strangers or friends, I slip in and out of conversations in Portuguese fairly confidently. I still learning some subtleties—the subjective mood, the imperfect tenses—but in general I get by pretty well. It’s not the effort it used to be.

"Glass Rose" by Andrea Bonifacio

The big Brazzy crush is not over, but from what I know of romance, this feeling of “normal” means something has changed. Puppy love has grown up; the rollercoaster has settled to a steady cruise, a continual current of confidence curbed by occasional clumsiness.

When I first started learning Portuguese, I was hungrier for it. I would enter the N train, volume low on my headphones, one ear open to catch the sound of it. When I heard it, my heart would jump, I’d turn off the music, and listen in: Education by eavesdropping. Sometimes I would try speaking with those strangers: Waiting for a pause in their conversation, I’d  gently start with geographical small talk: Ask if they are Brazilians, what city they are from, how long they have been here. Even if I misspoke horribly, they’d smile, correct, and encourage me: “Você fala muito bem!” For all my mistakes, each experience was a victory and a confirmation of progress.

Yet now the path is less a trail in the Adirondacks than a walk down the Las Vegas Strip. It’s as if I can’t help but see it—I cannot board a train without hearing that language somewhere nearby. I catch myself thinking, “Brazilians. Of course,” and frequently do not bother to talk to them.

I must remind myself: It wasn’t long ago that none of this existed. For years, I genuinely ached for this gift—to have this language, this family, this entire world. I knew it was missing in my life and I wanted to have it, but I felt powerless to fill the gap. Now, it’s been filled to overflowing, and somehow keeps on filling. And yet, you can get so used to a gift that you forget it was ever given; if you take something for granted, it can be taken away from you. May I never forget that this is a gift; may I constantly hunger for what it will require of me next.

I’d be foolish to think I did this myself—I have help and I know it. And my Helper will not let me forget, as long as I do my part. After all, are there really so many Brazilians around that I just never noticed before? Is it so strange, given the course my life has taken in just two years, to think that some divine directive is drawing them to my path? It was once a solitary stroll, but now it’s a marathon, and the occasional helpful passerby has become a cup-bearing crowd of water-station volunteers. I keep listening, they keep talking; I grow thirsty, they bring water; I keep running, they keep cheering…  and no finish line in site.

"Glass Rose" (detail) by Andrea Bonifacio

Now I want to be one who hands out the cups. I’m keeping my eyes open for something new: When I reach out to speak to Brazilians, I see that many of them want to share something of themselves. Some seem lonely, hungry for interaction; their appetite is broadcasted by their language, with its grammatical openness, and their culture’s emotional availability. By asking them to help me speak their tongue, and by showing them I need their guidance, I give them a chance to help someone hungrier than they. I’ve been a New Yorker for many years now, but linguistically speaking, I’m the stranger in town, and they are the streetwise locals, comfortably quoting from their mental maps. Seeking out their stories and speaking with their words, I use my need to learn to help them grow. And in the end, we both feel at home again.

.

Beijos,
Andrea

.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.

Os Homens Brasileiros

.

Traduzido por Rosalia Cunha. Para inglês (escrito 30 Sep 2010, clique aqui.)

.

Não sei muito sobre os homens brasileiros além do que vejo pelas ruas de Nova York ou enchendo os bares durante a Copa do Mundo. O que sei sobre o assunto é o que aprendi até agora com minha família aqui no Brasil e no exterior. Tudo que sei é que ainda tenho muito que aprender.

É uma linha tênue: Dentro do contexto particular da minha fé, sou ensinada a seguir o caminho do Espírito, e não o da sensualidade. No entanto, em quase todas as minhas interações sociais, eu ainda dependo a linguagem corporal, de expressões faciais, e outros sinais não verbais para me comunicar e interagir com os outros. Acrescente a isso o jeitinho brasileiro: A celebração do belo e audacioso, uma cultura de toques e abraços, da comunicação despreocupada, de confortar através do contato físico. Por sua própria flexibilidade de vocabulário e gramática, a língua que falam facilmente mescla (ou confunde) intimidade e imediatismo, o que apresenta inúmeras oportunidades de tropeçar ou escorregar.

Ouço expressões, escuto conversas, e então me pego perguntando: O que ele quis dizer com isso? Quando ela disse algo a respeito dele, aquilo significava que eu pensei que significava? O que significa essa palavra? Quer dizer, o que isso significa agora? E como faço para responder sem parecer estúpida, maldosa ou insensível? Volto-me para minhas sábias conselheiras e boas intérpretes (leia-se as inteligentes mulheres brasileiras) em busca de ajuda para entender o que está acontecendo. Oro muito, ouço, respondo e vejo o que acontece.

Não posso imaginar como era para meu pai. Considerando sua criação impassível: infância em uma fazenda em Washington, os pais de origem anglo-suíça, seus estudos universitários nas salas de lógica da engenharia elétrica, sua experiência militar e as suas expectativas de uma disciplina rigorosa. E além de tudo, ele não sabia a língua nada bem! Como ele fez para conseguir ao menos começar a se relacionar com esta gente, ainda mais quando o relacionamento evoluiu? Eu gostaria de poder voltar no tempo e ser uma mosquinha na parede pra poder ver como tudo aconteceu… que interessante aquele tempo deve ter sido! Sei o que os pais de meu pai eram afetuosos e delicados, mas de tipo contido, pragmático e reservado. Ele deixou sua casa numa pacata cidadezinha  no campo, e viajou para o  intenso calor do equador, um calor que derrete… E no “maior abraço da terra”,  minha mãe, sua família e toda sua cultura abriram-lhe os braços.

Ele me descreveu uma dessas primeiras interações, um dos momentos mais engraçados. Foi numa das primeiras vezes em que ele foi até a casa de mamãe para conhecer sua família. Ele estava sentado com ela na sala, e para qualquer outro homem que entrava na sala, minha mãe dizia, “Esse é meu irmão… Ah, e esse é meu irmão… e esse é meu irmão…”

Eu amei reunião irmãos de minha mãe. Eles comentaram sobre como me pareço com sua irmã, todos eles choraram quando me viram pela primeira vez e, novamente, quando eu saí. É como uma brincadeira de família o quanto meus tios são emotivos e como choram mais que suas esposas.

O tio com quem passei mais tempo com foi Tio Nivaldo, o irmão mais velho. Nivaldo é calvo, os cabelos já brancos e um sorriso maravilhoso e aberto semelhante ao de um Papai Noel. Na sua foto no álbum de casamento de minha mãe, ele parece um cruzamento entre Sean Connery e Kevin Spacey. Agora está mais parecido com Burl Ives. Sua voz é áspera e ele pronuncia as frases bruscamente, como se fossem uma série de latidos ásperos e de certa forma medidos. Assim como com tia Leda, demorou um tempo para eu compreender o seu Português, embora, eventualmente, eu tenha pego o jeito dela.

Tio Nivaldo tem um ótimo senso de humor e gosta de provocar. Aleatoriamente e de forma divertida, quando eu esperava que ele dissesse, “Boa noite” ou “Muito Obrigado”, ele declarava: “Good night!” ou “Thank you very much!”. Ele fazia isso de uma forma que demonstrava sabia como dizer aquilo em Inglês, bem como sabia o quanto ele era engraçado ao fazê-lo.

Certa manhã, eu pedi à cozinheira para fazer ovos mexidos com tomate e cebola para o café da manhã. Tio Nivaldo quase cuspiu a torrada, de tão chocado. Ele falou pra tia Leda sobre isso, falou pro meu primo, falou pro empregado… Mas poucos minutos depois, vendo como eu adicionava molho de pimenta àquele prato estranho, ele brincou: “Por que você não coloca milkshake, também?” Quando lhe ofereci que esperimentasse, ele riu e balançou a cabeça dizendo: “Nao SEM o milkshake não!”

É interessante comparar as lembranças de quando estive lá recentemente àquelas de quando era criança, no início dos anos 80. Lembro-me de Nivaldo da época anterior: Seus cabelos eram cor de prata, era mais magro, tinha menos rugas e eles viviam em uma casa mais barulhenta. De seu irmão mais novo, Tio Aluisio, também me lembro claramente naquela época: os olhos escuros, a pele curtida do sol, o sorriso sonolento, a fala arrastata e nasal; seu jeito relaxado na mesa de jantar depois de muita comida e vinho; ele dançando comigo na minha festa de aniversário. Os bons momentos que teve na juventude estão lentamente lhe alcançando. Ele agora precisa estar mais atento à sua dieta, mas não é muito bom nisso.

Logo no início, quando tia Linda me ajudava a planejar a viajem, tio Aluísio se juntou a nós numa chamada de Skype. Seu rosnado baixo se arrastava pesadamente pelos alto-falantes de meu computador no tom monótono de um ex-fumante, um astro de rock envelhecido. Eu não entendi uma única palavra do que ele disse, mas fiquei muito feliz por tentar.

Estes dois tios me perguntaram a respeito de minha fé. Eu realmente não e esperava por isso. No começo eu pensei que era apenas por curiosidade, mas logo percebi a família estava preocupada com esta religião estranha em que fui me meter. Em um churrasco na casa de praia da Bete, Tio Aluisio discretamente perguntou se eu rezava para os santos católicos. Eu disse que não, explicando o que eu sei sobre como “santo” é definido nas Escrituras. Ele aquiesceu, mas não discutiu minha resposta. Como seu rosto estava coberto com grandes óculos escuros e um boné de jornaleiro cáqui, era difícil dizer se ele entendeu e muito menos se concordou com o que eu disse. Mas ele pareceu levar minha resposta bastante a sério.

O irmão mais novo de mamãe é Tio Raul. Ele tem um sorriso doce e a natureza gentil. Na viajem anterior, lembro-me de ir sua casa numa zona rural fora da cidade. Lembro-me das galinhas salpicadas de preto e branco, dos pintinhos amarelos e fofinhos, e dos lagartos marron-claros dançando entre os arbustos secos. Desta vez, eu o vi muito rapidamente, quando ele parou na casa de tia Leda por alguns minutos na ida para o trabalho. Só houve tempo para um abraço, olhar nos olhos um do outro, abraçar de novo e dizer adeus. Não foi suficiente.

Acho que se vivesse mais perto da família da minha mãe, meu pai e seus cunhados se tornariam bons amigos. Imagino que foi assim para meu pai no começo: Eles o tornaram parte da família. O que eu sei é que quero uma amizade mais íntima com meus primos. Neste momento, penso particularmente nos sobrinhos de minha mãe.

Penso em meu primo Kleber, cheio de energia, os olhos arregalados de interesse, fazendo muitas perguntas sobre a cultura e o estilo de vida americanos, e sobre o que eu penso do Obama. Quando enchi meu prato de saladas verdes no self service em Mangai, ele ficou admirado. Pelo que viu em suas viagens aos EUA, ele pensou que todos os americanos só comiam sanduíches, pizza e batatas fritas. E tem o Carlinhos – em minha visita anterior, ele estava morando na casa de meus avós e então, me levava a toda parte, pelas ruelas de pedra esburacadas de Natal a bordo de seu fusca “azul calcinha.” Desta vez, ele me levou para ver a parte velha, a zona histórica da cidade, me mostrando a arquitetura dos prédios do governo e as igrejas antigas.

Meu primo Joscelino é um amor. Lembro como eu ria com ele e minha prima Chirstima na viajem anterior e como colocava minhas presilhas de plástico cor-de-rosa em seu cabelo. Ele está bem mais rechonchudo e seus cabelos estão curtos e grisalhos, como os do George Clooney, ele insiste. Ele ainda tem o mesmo sorriso largo e o coração generoso. Ele e Christina me levaram em uma viagem de um dia inteiro no estilo nordestino, para uma tapiocaria, uma reserva natural, à Cajueiro Maior e à Barreira do Inferno.

Depois, tem o Marcelo, que eu também vi por apenas alguns minutos. Admito que as minhas memórias anteriores dele não são tão lisonjeiras – quando foi menino, ele não parecia apreciar sua little American cousin usurpando sua atenção, e eu não apreciava o seu atrevimento. Felizmente, ambos crescemos desde então, e agora temos algo notável em comum: nossa fé. Nós dois somos rebeldes religiosos, duas ovelhinhas negras fugidas do rebanho católico.

Há tantos outros… Artur, que acordou no meio da noite quando paramos para pedir sua ajuda para conseguir os vistos dos meus pais. Henrique, que me ajudou com meus planos de viagem para Ouro Preto e para o Sul. Felipe, filho de Bete, que me ajudou a conseguir as pinturas pra Dinha antes mesmo que eu estivesse pensando nesta viagem… são muitos pra mencionar aqui.

Portanto, se o título desta entrada os seduzisse com visões de cartas ao revista Cosmo, bem, nem tanto. Basta dizer que estou encontrando mais homens, mas mantendo o foco nas amizades enquanto aprendo a navegar as corredeiras verbais. Os brasileiros da minha igreja são meus amigos, mas também meus irmãos e filhos do Pai. Quando eles falam, quando socializamos, fico observando e ouvindo algo mais profundo, buscando algo mais genuino, a verdade, a força, e uma prova de fé. Sinto que isso é tudo o que preciso buscar agora.

Muitos meses atrás, eu tentei explicar a minha amiga Rita porque eu estava aprendendo Português. Ela veio com um: “Talvez você vá encontrar um brasileiro!” Nossa! Não é má idéia! Enquanto isso, tenho muitos bons exemplos do que procurar – por causa deles, saberei reconhecer um bom brasileiro quando encontrar um.

.

Beijos,
Andrea

.

"Os Brasileiros" by Andrea Bonifacio

.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.

Interpretações (Interpretations)

.Entendeu?

?

.

…. .. ….. . .   . . …….. . .. ..

.

. ..       . . .. . .  …….. .

.

…. . . … .. .. . .  ….       .. . …

.

… . . .. ……. . .

.

….    … .       …..  …  .

.

….. . …… . .  ..       ….. ….  . . ….

.

…   …. ..  . …….. . ……..

.

.   ..       . . .. ….  . …….. . .   . . ….. .

.

. …. .. ….    ……..  . . .  . …….

.

…. . .. ….. . …     . ..  . . . …….. . . . .. . .. …

.

. . … .  ……        . . .. . …..    …

.

.     . . .. … … .. …. ..

.

….. . .. …… … . …. ..        . . …. … . …. ..      ..

.

…. . .    . ………    …… . … .

.

……….  .. . .. … .. .. . .. . … … …… ….    . . …     .

.

!

.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.



Alienigena Para Sempre

.

Traduzido por Rosalia Cunha. Para inglês (escrito 2 Sep 2010, clique aqui.)

.

Vivo minha vida em duas línguas de uma vez. I think, I sleep, I write, I paint, I pray, I dream. Penso, durmo, escrevo, pinto, oro, sonho.

Em ambas as línguas, online ou não, falo para duas audiências e tento me comunicar com todos os leitores; sempre mantendo os ouvidos abertos à uma concordância, uma reação, a sense of “yes”.

"I Love OEP" by Andrea Bonifacio

*******

Ajudo minha amiga da igreja com  seu Inglês. Ela me chama de “minha professora  querida”.

Costumava ser tudo sobre português – o meu português. Mas ela e o resto do clã da igreja Brazzy precisam de tanta ajuda quanto eu para aprender a se comunicar e sobreviver. Eles precisam melhorar seu inglês.

Então agora nos revezamos. Eu uso um timer de cozinha na forma de um pimentão amarelo. Giro o botão para iniciar o primeiro segmento de 10 minutos e começamos. Faço perguntas em inglês, escolhendo cuidadosamente minhas palavras e falando devagar, quase tão lentamente quanto falo em português, forçando-me a simplificar. É um bom exercício. Ela aperta os olhos e  luta para lembrar  as conjugações certas enquanto sorri esperançosa entre as frases. Muitas de suas respostas estão corretas, ela está melhorando todo o tempo, mas ainda é difícil, eu sei. Finalmente o sino toca – intervalo! A tensão cai de seu rosto, e minha aula começa.

"A Aula" by Andrea Bonifacio

*******

Os americanos ouvem sobre minhas aventuras e exclamam alegremente: “Que ótimo! Que excitante!” – e então dizem: “eu gostaria de saber falar português…”

Os brasileiros, da mesma forma: “Nossa! Que bom!” – “Então, preciso praticar inglês…”

Fico decepcionada com isso – de não conseguirmos, simplesmente não podermos aprender – no entanto, porque ainda espero que seja diferente? Você não consegue entender completamente uma viagem da qual não participou mais do que eu posso apreciar plenamente uma experiência (maternidade, por exemplo) que na verdade não faz parte de minha vida.

Estou me tornando uma pessoa diferente o tempo todo. Você também. As maiores transformações nos fazem parecer como alienígenas para o mundo e para nós mesmos.

"Space Modulator" by Andrea Bonifacio

O esforço que colocamos no processo, e nossa vontade de ser esticados, esculpidos, remodelados e, por vezes, recolocados no forno do oleiro – este é o nosso terreno comum. Aqui encontramos compreensão, compaixão e encorajamento.

*******

Recebi um passaporte e um visto que me permitiram viajar àquele outro país. Posso até aplicar pra cidadania se quiser. Mas eu quero mais do que documentos e acesso irrestrito. Quero uma dupla residência simultânea, estar lá e aqui. Viver nos dois lugares ao mesmo tempo.

Minha identidade espelha  meu desejo. É uma coisa nova feita de duas partes. Uma nova terra, um grande país formado por fronteiras indefinidas entre dois estados separados. É hora de tomar essa nova terra e chamá-la minha.

“Eu reivindico este planeta em nome do Bra-er … er … Ame-… espere…”

"Imperialist" by Andrea Bonifacio

*******

Quando eu estive em São Paulo, fiquei com a filha da minha prima e a companheira com quem ela divide a casa. As duas estão lá para completar a residência para os respectivos diplomas médicos.

Gostei de São Paulo apesar de suas mazelas. Perguntei a minha prima se ela e sua colega também gostavam. Elas responderam que sim, mas o que elas querem mesmo é terminar os estudos e voltar para Natal. Isso é o que muitos em minha família tem feito: estudam muito, investindo seu tempo nas escolas do Sul e, em seguida voltam para o Norte para se estabelecer em suas profissões, casar e seguir com suas vidas. É muito difícil – e eles não tem o menor desejo – de ficar separados do círculo: família, amigos, filhos e netos. Verões intermináveis, praias, dunas, namoradinhos de infância. Tias queridas e tios engraçados – é a casa onde mora a felicidade.

"Time" by Andrea Bonifacio

*******

Digo que sou americana, e isso é verdade. Digo que sou brasileira e isso é uma alegre verdade.

“Sou brasileira.” Pergunto a minha amiga Rosália sobre como ela se sente, dizendo esta frase, já que está vivendo nos Estados Unidos ha muitos anos. “Eu sou a pessoa errada para perguntar”, diz ela com um grande sorriso. “Eu sempre fui ‘Miss America.’  Tudo que eu queria fazer era viver aqui, e não quero voltar.”

Há mais possibilidades para ela aqui como uma mulher solteira. As mulheres aqui são tratadas de forma mais justa, existe menos machismo. Há uma abundância de opções de carreira que não incluem um biquini minúsculo como vestimenta e é mais seguro andar pelas ruas à noite.

Meu pastor descreve as mulheres no Brasil que sofrem muito, abusadas por maridos e outros homens, e que dispõem de poucos recursos. As normas culturais e a falta de programas governamentais tornam mais difícil para uma mulher  escapar desse tipo de vida.

Percorremos um longo caminho, mas é melhor manter os ouvidos abertos. Precisamos do testemunho de quem pode nos lembrar do que nos espera lá fora na selva.

Digo que “sou americana”, e esta é uma boa verdade.

*******

Às vezes uma palavra, todo um conceito simplesmente não existe em outra língua. Até agora, entre as coisas mais difíceis para os brasileiros traduzirem estão palavras como corny e tacky (brega e cafona).

Mas às vezes eles simplesmente esquecem as palavras. Na cozinha, repasso minha lista de compras. “Mamãe, Como se diz mushroom?”  “Hummm … Se eu ouvir, eu sei…”

No Museu de História Natural, um oceano de taxidermia, eu aponto para um animal com o corpo de um selo e presas de marfim. Dando de ombros, os membros do clã se viram uns para os outros, rapidamente repassando seus léxicos mentais e rindo de seus próprios palpites. Eles falam depressa mas aqui e ali, eu pego: “Não sei …”  “Não, não é isso …”  “Não me lembro … você lembra?”  “Nossa! Já estou aqui ha muito tempo …”

Espero, pacientemente. Depois de dez minutos de sobrancelhas franzidas, risadinhas, e de cabeças balançando, lembro-me do dicionário de bolso de duas polegadas de espessura que está em minha bolsa. Eu o tiro para fora e percorro suas folhas cheias de orelhas.

“Uma morsa”.

Todos riem. “Ah, sim, tudo bem!”

Coo-coo-ka-choo.

"Cogunelo e Morsa" by Andrea Bonifacio

*******

Estou muito acostumada a ver as coisas através minhas próprias lentes.

Observar, escrever, publicar, aguardar a resposta…. Talk, talk, talk, listen….

Silêncio… Então um clique… comentários… incentivo.

Conexão?

Silêncio total…

Alguém se habilita? Tem alguém aí?

Suspiros…

“Lembre-se,” Deus disse: “peace be with you.”

Mais suspiros…

Faça uma escolha. Obedeça. Ok, então.

Paz.

"Direção" by Andrea Bonifacio

*******

Minha mãe pronuncia algumas palavras em inglês como se fossem português. Eu não sabia disso quando criança, mas agora entendo: “Ahfteh-noo.” O “r” amolecido e arrastado, não soa como um “r” no inglês americano. É mais parecido com uma espátula do que com uma faca de corte. O segundo “n” escondido atrás da garganta como uma criança tímida se escondendo atrás das letras “o”. Todos os “n”s finais são tímidos, ou talvez a boca seja muito gananciosa para deixá-los sair.

É uma língua fluida e sem dureza ou arestas afiadas. É aberta, fácil e adaptável; onde o que não se tem, se inventa. Minha amiga carioca compartilhou uma história comigo: Aqui nos EUA, os brasileiros fizeram uma nova palavra: parquear (pronuncia-se “parkee-ar”). No Brasil, quando encontro um bom lugar, eu estaciono o carro. Mas nos  EUA, eu o “parqueio”.

A palavra não existe no Brasil, se você a usar, as pessoas não saberão do que  está falando.

O velho cliché de Hollywood em que os gringos fingem saber espanhol e acrescentam um “o” no final de cada palavra  afinal tem um fundo de verdade.

Isso não é uma língua. É uma ameba!

"Amoebilingual" by Andrea Bonifacio

*******

Andrea: Complete estas frases:

1. Tenho saudades da minha …

2. Eu quero ser …

3. Mudei porque …

4. Posso dizer que sou uma pessoa diferente …

Uma brasileira: Hummm … eu não sei Inglês para isso. Pergunte de novo mais tarde, tá?

"Espelho" by Andrea Bonifacio

*******

Eles querem estar aqui. Eles querem estar lá. Nossa, eu também! Mal posso olhar as fotos que quero voltar, elas são uma provocação. Foi ha muito tempo atrás. Foi ainda ontem. Quando é que será de novo?

Vejo uma bandeira ascenando e meu coração salta. Uma menina paquerada, cortejada por uma bandeira verde com uma cadência faceira, desmaiando após um verão sem fim e com uma gramática meio desleixada. Eu sei que as imperfeições estão lá mas ainda assim continuo me envolvendo.

Outra fuga virá, tão sobrenatural como a primeira. Estou ansiosa pelo momento de ser arrebatada como Phillip, dar um salto em velocidade absurda.

Please – num piscar de olhos, Senhor.

.

Beijos,
Andrea

"Launch" by Andrea Bonifacio

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.

Brazilian Men

.
.
I don’t know a lot about Brazilian men. Aside from what I see strolling the streets of New York City and packing the bars during World Cup, what I know of the subject is what I’ve learned so far from my Brazilian family here and abroad. And all I really know is that I still have a lot to learn.
.
It’s a fine line: Within the context of my particular faith, I’m taught to follow the way of the Spirit, and not the sensual path. Yet in almost all of my current social interactions, I still rely on body language, facial expressions, and other nonverbal cues to communicate and interact with others. Add to that the Brazilian way: A celebration of the beautiful and bodacious, a culture of touch and embrace, the carefree communication of comfort via physical contact. And by its own vocabulary and grammatical flexibility, the language they speak easily blends (or confuses) intimacy and immediacy, presenting innumerable opportunities to stumble or slip.
.
I hear expressions, listen to conversations, and then catch myself wondering, What did he mean by that? When she said that about him—did that mean what I thought it meant? What does that word mean? I mean, what does it mean right now? And how do I respond without looking stupid—or slutty—or insensitive? I look for wise counselors and good interpreters (read: smart Brazilian women) to help me know what’s going on. I pray a lot, listen, respond, and see what happens.
.
.

I can’t imagine what it was like for Dad. Consider his stolid background: Childhood on a farm in rural Washington; parents of Swiss and Anglo stock; college studies in the logic halls of electrical engineering; military experience and its expectation of strict discipline. And with this, not knowing the language that well at all! How did he get by in just starting off with these people, let alone as their relationship grew? I wish I could be a back-in-time fly-on-the-wall and watch it all unfold… what an interesting time that must have been. I know what my father’s parents were like: Dear and kind, but pragmatic, reserved, and restrained. From their quiet country home he traveled to the intense melting warmth of the equator, Earth’s widest embrace, where my mother, her family, and all their culture opened their arms to him..

He described one of those early interactions to me, one of the funniest times. It was one of the first days he went to her house to meet the family. He was sitting with her in the living room, and for every other man who came into the room, Mom said, “That’s my brother…. Oh, and that’s my brother… and that’s my brother…”

.
.
I loved meeting my mother’s brothers. They all commented on how I look like their sister; they all wept when they first saw me and again when I left. It’s a family joke, how emotional they are, and that they cry more than their wives do.
.
The uncle I spent the most time with was Tio Nivaldo, the oldest brother. Nivaldo is white-haired and balding, with a wonderful broad smile like Papai Noel. In his photo in my mother’s wedding album, he looks like a cross between Sean Connery and Kevin Spacey. Now he looks a bit more like Burl Ives. Nivaldo’s voice is rough and he utters his sentences brusquely, like a series of measured, coarse barks. As with Leda, it took a while for me to comprehend his Portuguese, though eventually I got the hang of it.
..
Nivaldo has a great sense of humor and he loves to tease. Randomly—and hilariously—when I expected him to say, “Boa noite” or “Muito obrigado,” he would declare, “Good night!” or “Thank you verymuch!” in a way that announced that he knew how to say this in English and knew how funny it was to do so.
.
One morning I asked the cook to make scrambled eggs with tomato and onion for breakfast. Tio nearly spat up his toast in shock. He told Leda about it, he told my cousin, he told the houseboy. But a few minutes later, watching as I added hot sauce to this alien dish, he joked, “Por que não milkshake?” (“Why don’t you add some milkshake, too?”) When I offered him a taste, he laughed and shook his head. “Não sem o milkshake não!”
.
.
It’s interesting to me to compare memories from when I was there recently to when I visited as a child in the early 80s. I remember Nivaldo from that earlier time: His hair was silver then, he was trimmer and had fewer wrinkles, and they lived in a noisier house. And his younger brother, Tio Aluisio, I recall distinctly from that time as well: Dark eyes, ruddy tan, sleepy smile and nasal drawl, slouching at the dinner table from too much food and wine, and dancing with me at my birthday party. The good times he had in his youth are slowly catching up with him—these days, he’s supposed to watch his diet carefully, but he’s not that good at it.
.
Aluisio joined a Skype call with Tia Linda and me early on, when she was helping me plan my trip. His low growl lumbered from the speakers of my computer in aging-rock-star ex-smoker’s drones. I did not understand a word he said, but I was delighted to try.
.
.
Both of these uncles asked me about my faith. I was not really expecting this. At first I thought it was just out of curiosity, but I quickly realized the family was concerned about this foreign religion I’d gotten myself into. At a churrasco at Bete’s beach house, Tio Aluisio asked, quite directly, if I pray to Catholic saints. I said no, explaining what I know about how “saint” is defined in Scripture. He nodded at my answer, but did not discuss it further. As his face was covered with large dark sunglasses and a pale newsboy cap, it was hard to tell if he understood, let alone agreed with what I said. But he seemed to take my answer seriously enough.
.
Mom’s youngest brother is Tio Raul. He has a sweet smile and gentle nature. I remember from the earlier trip, going to his house in a rural area outside of the city; I remember black-and-white speckled hens, fluffy yellow chicks, and light brown lizards darting among the dry bushes. This time around, I only saw him briefly, when he stopped by Leda’s house for a few minutes on his way to work. There was only time to hug, look at each other’s faces, hug again, and say goodbye. Not enough.
.
I think if we lived nearer my mother’s family, my father and his brothers-in-law would become good friends. I imagine that it was like that for Dad in those early days: They made him one of them. I know I want closer friendships with my cousins; I think particularly at this moment of my mother’s nephews.
.
.
I think of my cousin Kleber, full of energy and wide-eyed interest, asking lots of questions about American culture and lifestyle, and what I think of Obama. When I filled my plate with salad greens at the self-serve at Mangai, he marveled—from his travels to the US, he thought that all Americans eat only sandwiches, pizza, and fries. There’s Carlinhos—he was living at my grandparents’ house during my previous visit, and back then he drove me all around Natal’s bumpy, cobblestone streets in his robin’s-egg-blue Beetle. This time around, he took me to see the oldest, most historical parts of the city, showing me the architecture of government halls and old churches. My cousin Joscelino is a sweetheart; I remember from the previous trip how I giggled with him and my cousin Chrstina and put my pink plastic barrettes in his hair. Now he’s much larger around the middle and his hair is short and iron grey—just like George Clooney, he insists. He has the same big laugh and generous heart: He and Christina took me on a day-long nordeste-style road trip, to a tapiocaria, a nature preserve, A Cajueiro Maior and Barreira do Inferno.
.
Then there is Marcelo, whom I also saw for only a few minutes. I admit my earlier memories of him are not that flattering—as a boy, he didn’t seem to appreciate his priminha Americana usurping his attention, and I didn’t appreciate his impudence. Thankfully, we’ve both grown up since then, and we now have something remarkable in common: our faith. We’re both religious rebels, little black sheep fled from the Catholic fold..
 

There are so many others… Artur, who woke up in the middle of the night when we stopped by to request his help getting my parents’ visas sorted out; Henrique, who helped me with my travel plans for Ouro Preto and parts South; Felipe, Bete’s son, who helped me get the paintings to Dinha before I was even thinking of this trip… too many to mention here.
.

 

.
So if the title of this entry enticed you with visions of letters-to-Cosmo steaminess, well, not so much. Suffice it to say, I’m meeting more men, but keeping things friend-focused as I learn to navigate the verbal rapids. The brasileiros of my church are my friends, but also my brothers, and sons of the Father. When they speak, when we socialize, I’m observing and listening for something deeper, for what is genuine, for truth, strength, and proof of faith. I feel that’s all I need to be looking for, for now.
.
Many months ago, I tried to explain to my friend Rita I why was learning Portuguese. She burst in, “Maybe you’re going to meet a Brazilian guy!” Nossa! Not a bad idea. In the meantime, I’ve many good examples of what I have to look forward to—because of them, I’ll know um bom brasileiro when I see one.
..
..
Beijos,
Andrea
..

"Os Brasileiros" by Andrea Bonifacio

..
..
.

© Andrea Bonifacio and Sondo Saudade 2009-2010. Unauthorized use and/or duplication of this material without express and written permission from this blog’s author and/or owner is strictly prohibited. Excerpts and links may be used, provided that full and clear credit is given to Andrea Bonifacio and Sondo Saudade with appropriate and specific direction to the original content.